Foi somente após a morte de Emily Dickinson (1830-1886) que sua família descobriu os 1.775 poemas que compõem a totalidade de sua obra. Apenas uns poucos haviam sido publicados durante a vida da poeta, em periódicos. [...] São poemas ora de indizível leveza, sobre pequenas coisas do dia-a-dia e a fluidez do tempo, ora composições mais pesadas, que tratam da morte e de tensões psicológicas. Dickinson, verdadeiro espírito livre, pensa e expressa estes versos – muitos dos quais inéditos no Brasil – com sua peculiar sensibilidade que transforma em beleza trágica a brevidade da vida.
É mais fácil encontrar
Um amigo que é sombra para os dias quentes,
Do que algum outro, caloroso,
Para as horas frias da mente.
Voltado um tanto para o leste, o catavento
Põe em fuga as almas de musselina;
E se mais firmes são os corações de seda
Do que os feitos de organdi,
A quem culpar? Ao tecelão?
Ó os enganadores fios!
No paraíso, as alfombras
Têm urdidura invisível.
Fragmento e poema retirados do livro “Poemas escolhidos”, Emily Dickinson. Seleção, tradução, introdução e notas de Ivo Bender. (Dickinson, Emily, 1830-1886. Poemas escolhidos / Emily Dickinson; tradução de Ivo Bender. – Porto Alegre: L&PM Pocket).
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